Tem gente que me entende muito melhor que eu mesma. O chico, o drummond, o rosa, o bandeira, o caiero são exemplos disso, fazem meus sentimentos morderem a isca das palavras (a clarice!). Hoje descobri mais uma, a Lygia Fagundes Telles (nem não conhecia nenhum escrito dela).
Como boa virginiana que sou, tenho ânsia por organizar coisas dentro de mim (embora as de fora, não raro, fiquem bem bagunçadas também). Dizia um dia isso pra Maria, uma amiga, contava que eu queria etiquetar algumas histórias, alguns sentimentos, e colocá-los num arquivo bonitinho, simétrico, com etiquetas coloridas separadas por assunto, rs. É uma vontade de entender, de controlar, de anular o irracional e a falta de controle sobre mim e sobre o mundo, um maniqueísmo inocente - de quem quer ver o mundo mais rosa, uma paranóia de quem se irrita quando os livros não estão alinhados na prateleira, não consegue ler texto não justificado, ou será que é o medo de andar de avião Zuózuó? De todo jeito, o mundo é mesmo muito misturado!
E como disse que tem gente que me expressa bem melhor que eu mesma....
"Ah, se eu pudesse me arrumar por dentro,
tudo calminho nas gavetas." Lygia Fagundes Telles
"Que isso foi o que sempre me invocou, o senhor sabe: eu careço de que o bom seja bom e o ruim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! Quero os todos pastos demarcados... Como é que posso com este mundo? Este mundo é muito misturado." Guimarães Rosa