Nessas últimas semanas fiz tudo (ou quase tudo) que estava ao meu alcance para conseguir votar com a minha cabeça. Li, pesquisei, pensei, conversei, li dinovo, especulei, espremi a cabeça, virei a chata-da-festa-que-insiste-em-continuar-o-papo-sobre-política, meu mural do facebook virou quadro de discussão política(salutar e bonita, aliás), tive vontade de participar do abraço da contorno da Dilma, e da carreata do Serra, assisti aos debates na tv (e gostei especialmente do último, o dos indecisos -meus pares), tentei enteder a importância do superávit e ler com uma postura ativa, crítica e analítica os dados objetivos aos quais tive acesso (PIB, investimento nisso e naquilo, salário de professores, concursos para professores, efeitos da privatização, investimentos estrangeiros no Brasil, número de cargos de confiança, nomes e histórias das pessoas que fizeram ou farão parte das pastas ministeriais e dos candidatos). Confesso que o único assunto pelo qual que não me interessei muito foi a corrupção, que é triste e real no Brasil, mas, como já disse aqui, não é elemento que considero na hora da decisão - já que é uma constante de todos os lados.
Apesar de tudo isso, não votei hoje com convicção. Tenho a sensação frustrante de não ter conseguido angariar todos os elementos necessários à formação dessa convicção.
Percebi com clareza que não adianta se inteirar, se mobilizar, querer exercer o direito-dever de cidadania só na hora das eleições. A política é uma coisa que tem que ser pensada o tempo todo, o ano inteiro (e isso dá trabalho). Não tenho pretensões políticas, acho política um assunto sério demais e tratado com muito oba oba, radicalismo, subjetividade - e isso me dá preguiça. De todo jeito, vi que não adianta querer me informar só agora. Confesso envergonhadamente que, ainda que não seja a mais alienada das pessoas que conheço, não me interessei tanto por política antes, embora já vote desde os 16 anos. Tudo isso pra dizer: acabaram as eleições mas - dum jeito meio clichê - o nosso dever cívico está apenas começando.
Espero, sinceramente, que nas próximas eleições eu tenha as vistas menos embaçadas!