quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O natal vem vindo...vem vindo o natal

Desculpe começar o post assim. Aqueles malditos caminhões fizeram uma lavagem na minha cabeça, de modo que hoje, quando pensei em que título dar ao post sobre o natal e o papai noel, foi esse famigerado refrão a primeira coisa que me veio à cabeça. 
Acabei de ler um post do Gian sobre o natal que me deu vontade de escrever aqui de novo. O post dele é dividido em duas partes. A das luzes, onde ele discorre sobre as bregas e assimétricas luzinhas de natal que enfei(t)am os prédios da cidade. E a das sombras, onde mostra as aproximações entre o santa (claus) e o satan com muita propriedade. Para os que ficaram curiosos: http://www.gianprof.blogspot.com/

Dá vergonha de assumir, mas um dia eu já enchi o saco da minha mãe para que comprasse para mim um saco de neve artificial. Foram semanas de suplício para as empregadas, aqueles "flocos" se espalhavam por toda a sala, exigindo um esforço de limpeza triplicado. 
Hoje jamais compraria uma neve dessas para minha filha. Fico revoltada com essa mania de fingir que é inverno no Brasil e vestir o bom -será que ele é bom mesmo?- velhinho com aquelas roupas tão quentes. É no mínimo brega, pra não falar da baita dominação cultural que representa.
Falei um dia com meu irmão que quando nós formos os pais, e o natal for na casa da minha mãe, o papai noel trajará shorts e havaianas, e, porque não, a árvore será não um pinheiro, mas uma palmeira, ou uma jabuticabeira! 
Agora me pego pensando se vou aplicar essa fantasia toda nos meus filhos. 
Não quero ser xiita, nem tentar mostrar a realidade cruel para filhos - que ainda serão gestados (no estilo dos pais que proibem Disney, longe de mim). Acho sim que um pouco de fantasia é necessária e bem-vinda. Mas me questiono sobre a fantasia do papai noel. 
A idéia de que, ao mesmo tempo que ele traz presentes para os bonzinhos, vem castigar os que não se comportaram. Além disso o consumismo exagerado, as frustrações dos que cumprem a risca todas as simpatias para acordarem com embrulhos embaixo da árvore, mas às vezes nem tem árvore, ou tem, mas sem embrulhos. 
Apesar disso, gosto muito do natal. Não pelo que tem de consumismo ou de submissão cultural. Muito menos pelo seu valor religioso cristão - aliás, acho que os que se dizem cristão lembram muito pouco, no meio da maratona das compras ou da bebedeira em família, da historinha religiosa que tem por trás dessa data. 
Gosto de natal pelo espírito festivo e positivo que parece inundar todos os corações, e pelo encontro alegre com a minha família (e amigos, nas festas de depois da ceia). É uma oportunidade única de estar com a família. Naquela data ninguém tem compromissos, e todas as agendas estão, de ante-mão, sincronizadas (isso sim é mágico!).

E nesse espírito (sem dogmas de consumo ou de religião), desejo a todos um muito feliz natal!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Dos meus anseios de virginiana

Tem gente que me entende muito melhor que eu mesma. O chico, o drummond, o rosa, o bandeira, o caiero são exemplos disso, fazem meus sentimentos morderem a isca das palavras (a clarice!). Hoje descobri mais uma, a Lygia Fagundes Telles (nem não conhecia nenhum escrito dela).

Como boa virginiana que sou, tenho ânsia por organizar coisas dentro de mim (embora as de fora, não raro, fiquem bem bagunçadas também). Dizia um dia isso pra Maria, uma amiga, contava que eu queria etiquetar algumas histórias, alguns sentimentos, e colocá-los num arquivo bonitinho, simétrico, com etiquetas coloridas separadas por assunto, rs. É uma vontade de entender, de controlar, de anular o irracional e a falta de controle sobre mim e sobre o mundo, um maniqueísmo inocente - de quem quer ver o mundo mais rosa, uma paranóia de quem se irrita quando os livros não estão alinhados na prateleira, não consegue ler texto não justificado, ou será que é o medo de andar de avião Zuózuó? De todo jeito, o mundo é mesmo muito misturado!

E como disse que tem gente que me expressa bem melhor que eu mesma....

"Ah, se eu pudesse me arrumar por dentro,
tudo calminho nas gavetas." Lygia Fagundes Telles
 
"Que isso foi o que sempre me invocou, o senhor sabe: eu careço de que o bom seja bom e o ruim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! Quero os todos pastos demarcados... Como é que posso com este mundo? Este mundo é muito misturado." Guimarães Rosa

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Reflexões de um liquidificador et gourmandises à BH

Boa pedida para uma tarde de feriado
Filme bonitinho, lembra mto o Delicatessen (do Jeunet, o mesmo diretor do Amélie), e tem uma pitada do Cheiro do Ralo. A protagonista é genial no seu papel. Se você começar a ficar entediado no meio, fica tranquilo que logo logo vem uma reviravolta e o tédio vai embora. De todo jeito, ver o ser humano da perspectiva de um liquidificador é curioso, dá para dar umas boas risadas, e o filme termina com uma mensagem bem bacana. (Palmas também para a trilha sonora!)
Ps.: Aqui em BH, o filme tá passando apenas no Cineclube (ali da Levindo Lopes), numa única sessão das 15:20, e tem um cafézinho ao lado que vende um delicioso pastel de frango com catupiry (tanto recheio que parecia um fricassé! e uma pimentinha no ponto!), para aplacar o calor seguimos para a tradicionalíssima São Domingos, onde NÃO recomendo sorvete de tamarindo, e recomendo fortemente o de nozes!

Deus (minha idéia de Deus)

Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui só há a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.

Alberto Caeiro
(Fernando Pessoa)

domingo, 31 de outubro de 2010

E agora, José? (sobre o fim das eleições)

Fui votar hoje, e voltei pra casa com a sensação ruim de quem faz uma escolha sem certeza dela. 

Nessas últimas semanas fiz tudo (ou quase tudo) que estava ao meu alcance para conseguir votar com a minha cabeça. Li, pesquisei, pensei, conversei, li dinovo, especulei, espremi a cabeça, virei a chata-da-festa-que-insiste-em-continuar-o-papo-sobre-política, meu mural do facebook virou quadro de discussão política(salutar e bonita, aliás), tive vontade de participar do abraço da contorno da Dilma, e da carreata do Serra, assisti aos debates na tv (e gostei especialmente do último, o dos indecisos -meus pares), tentei enteder a importância do superávit e ler com uma postura ativa, crítica e analítica os dados objetivos aos quais tive acesso (PIB, investimento nisso e naquilo, salário de professores, concursos para professores, efeitos da privatização, investimentos estrangeiros no Brasil, número de cargos de confiança, nomes e histórias das pessoas que fizeram ou farão parte das pastas ministeriais e dos candidatos). Confesso que o único assunto pelo qual que não me interessei muito foi a corrupção, que é triste e real no Brasil, mas, como já disse aqui, não é elemento que considero na hora da decisão - já que é uma constante de todos os lados.

Apesar de tudo isso, não votei hoje com convicção. Tenho a sensação frustrante de não ter conseguido angariar todos os elementos necessários à formação dessa convicção.

Percebi com clareza que não adianta se inteirar, se mobilizar, querer exercer o direito-dever de cidadania só na hora das eleições. A política é uma coisa que tem que ser pensada o tempo todo, o ano inteiro (e isso dá trabalho). Não tenho pretensões políticas, acho política um assunto sério demais e tratado com muito oba oba, radicalismo, subjetividade - e isso me dá preguiça.  De todo jeito, vi que não adianta querer me informar só agora. Confesso envergonhadamente que, ainda que não seja a mais alienada das pessoas que conheço, não me interessei tanto por política antes, embora já vote desde os 16 anos. Tudo isso pra dizer: acabaram as eleições mas - dum jeito meio clichê - o nosso dever cívico está apenas começando.

Espero, sinceramente, que nas próximas eleições eu tenha as vistas menos embaçadas!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Acho que vou votar nulo (mas ainda dá tempo de você tentar me convencer!)

Alguns devem ter acompanhado minha saga por informações, e argumentos, e opniões sobre os candidatos à presidência. Recebi várias mensagens interessantes por facebook, emails com textos ponderados outros nem tanto, e por algum tempo tenho perguntado a todo mundo que conheço "em quem você vai votar?"
Antes pensava:  "tenho tão pouca informação para fazer uma escolha tão séria que é melhor relegá-la a quem acho que tem mais experiência, conhecimento que eu - pais, amigos sabidos, pessoas de notório saber jurídico, digo, político rs". (Dá um pouco de vergonha de contar, mas juro que pensava isso!)
Mas nessas eleições as coisas estão diferentes. Me bateu um salutar surto de responsabilidade. Fiquei pensando que tive oportunidade de estudo demais, acesso quase infinito a informação, estudei numa escola que "ensina a pensar" - juro que acredito ter alguma verdade nesse slogan da Fundação! - e não posso assumir a postura confortável e irresponsável de me desencumbir do meu direito/dever de voto consciente.
O resultado disso tudo tem sido bem magro. Até agora não fiquei convencida de nada. Fico mesmo com a sensação de estar decidindo entre seis e meia dúzia.
Hoje li um artigo, do José Eli da Veiga, publicado na F.S.P. desta segunda (25.10.10) - http://sergyovitro.blogspot.com/2010/10/nem-seis-nem-meia-duzia-jose-eli-da.html?spref=tw -, e fiquei com a sensação confortável de não ser a única com vontade de votar nulo, ou, melhor dizendo,  de ser mais uma querendo votar nulo por credo mesmo, não por inércia, nem por preguiça.
Para quem não sabe a diferença entre votar nulo e votar em branco, sugiro uma explicação bem didática: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2004/09/290821.shtml
No mais, só fico pensando 2 coisas:
1. Com relação à educação, do que eu vi, e ouvi, foi tenebrosa a gestão do Serra em São Paulo. Além disso, é de se espantar que tantos professores universitários apoiem a Dilma, e, quase não se ouça falar do Serra quando o assunto é educação. A educação PÚBLICA precisa melhorar demais... E digo isso não por estar olhando para o meu umbigo (estudo na UFMG, e a vejo indo para o buraco), mas por acreditar mesmo na importância da educação para um país que queria promover dignidade humana, felicidade dos indivíduos, e desenvolvimento (e não apenas crescimento).
2. Com relação às propostas estatizantes... eu sei que para muitos soa politicamente incorreto, para vários tem traços demoníacos, mas eu NÃO gosto do Estado atuando diretamente na economia por meio de empresas públicas. Simplesmente porque para mim, o modelo concurso público,  gestores de mega empresas sem formação técnica (com apenas uma longa trajetória política), estabilidade eterna, virtual impossibilidade de demissão, promoção por tempo de casa e QI (quem indica) - e não por mérito,  é INCOMPATÍVEL com qualquer lógica de mercado! (E nem me venham com dados de empresas públicas bem sucedidas, se tivessem sido privatizadas seriam ainda mais bem sucedidas! pronto falei, estava engasgado). Para que servem então as golden shares então? (Ouvi falar delas nas aulas de direito societário e parece que seu uso não saiu dos livros... ou de alguns poucos artigos esclarecidos dos jornais)
Tudo isso para, parodoxalmente, dizer: ainda faltam alguns dias, mas ainda dá tempo de você me convencer!

domingo, 24 de outubro de 2010

Mostra Cine BH 2010

Ontem comentava com um amigo que não vejo muita graça em fazer snorkel sozinha. É que metade do prazer em ver aqueles bichos estranhos é mostrar pro colega, e dividir o espanto com o tamanho do bigode de um peixe, ou com o colorido de um outro. 

A mesma coisa acontece quando vejo uma foto muito legal, ou uma música boa, ou um filme de que gosto muito, Grande parte do prazer está em dividí-lo, e é essa a finalidade dessa postagem.

Ontem e anteontem fui na Mostra Cine BH, lá na praça Duque de Caxias (vulgo praça do bolão, no Sta Tereza, ou Santê pruns descolados moderninhos).
G-E-N-I-A-L! É como Cinéma au clair de lune de Paris, ou o Cine al aire libre no Montjuic, mas em plena BH. E a lua também estava lá, sexta e sábado, um queijão, gigantesca, bonitona. Temperatura agradabilíssima, cerveja gelada na mão (substitua a imagem do baleiro do cinema por um cara passando com um isopor vendendo cerveja), querendo tinha pipoca também!

A seleção de filmes não podia ter sido melhor. 

Sexta assiti o documentário "Uma noite em 67", delicioso! Difícil foi depois tirar da cabeça a música Ponteio, que é a música do Edu Lobo (e da Marília Medalha) que venceu o festival. O trailer mostra bem como o filme vai ser legal... http://www.youtube.com/watch?v=ijH977Ef5tM 

Sábado ia assistir um longa, mas cheguei atrasada e fiquei nos curtas. Baita sorte, vi o MELHOR curta da minha vida (daquele meu jeito assertivo de gostar das coisas, rs). Chama "Amigos bizarros do Ricardinho", esse trecho dá um gostinho do filme: http://www.youtube.com/watch?v=I4Z5XUq7P_Q 
E mais, o Ricardinho tava lá, in person!! (Mas isso eu só fui descobrir depois...)

Pros que se interessaram a mostra vai, infelizmente, só até terça feira, tá aí um link com toda a programação: http://www.cinebh.com.br/programacao.php?menu=prog&sub=pc

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A "minha ética" e um novo ídolo - Luiz Felipe Pondé

Já há algum tempo fico esperando o dia da semana (acho que é às segundas) que o Luiz Felipe Pondé escreve na parte de trás da Ilustrada, caderno da F.S.P. 

Melhor que eu para apresentá-lo, é um jornalista da Folha, que escreveu um pouco sobre o autor quando  ele passou a assinar uma coluna semanal (sim, às segundas) nesse jornal, vejam lá de quem  é Pondé http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u437450.shtml 

Fui reparando com o passar do tempo que tudo que ele escreve é extremamente interessante, embora às vezes me falte bagagem cultural pra entender todas as referências que faz.

O texto que mais me marcou foi devidamente recortado e lido para diversas (só duas, na verdade) pessoas próximas, na ânsia não só de compartilhar as idéias tão profundas sobre a vida que o texto trazia, mas também de debatê-lo, e, pretenciosamente, tirar algumas conclusões que pautem a "minha ética". 

Intitulado "Ética", esse artigo foi publicado na F.S.P. em 20 de setembro de 2010, e o conteúdo dele está nesse site que reúne diversos textos do autor: http://luizfelipeponde.wordpress.com/2010/09/20/etica/ 

Esse texto me lembrou das minhas primeiras aulas de direito... aliás, acho que eu já tinha ouvido falar disso nas aulas do Carlo, ex-professor da Fundação Torino. Enfim, já tinha algum tempo que eu tinha tido notícia do  tema com roupagens filosóficas, era  o tal do "imperativo categórico" do Kant, a idéia de que o ser humano deve ser fim em si mesmo. 

Acho que ainda é essa a coisa mais bonita que aprendi na faculdade de direito. Aliás, como diz meu pai, tem algumas coisas que a gente não precisa ir à faculdade para aprender, aprende "dentro de casa". Talvez essa tenha sido uma delas, mas confesso que foi emocionante "dar nome aos bois".

Outro texto sensacional chama-se "A medicina de Tchekhov". Nesse, fazendo um passeio instigante na obra do autor russo, Pondé afirma que "os afetos, não as idéias nos humanizam". Vale a pena ser lido! (http://luizfelipeponde.wordpress.com/coluna-ilustrada-folha-de-sao-paulo/janeiro-2010/ - como tem vários textos nessa página, sugiro um ctrl + F com o título do artigo pra achar mais rápido, ou então, deixe-se perder nesse mundo de sabedoria do meu novo ídolo!)

Ps: Esse tal de blog tá me mantendo acordada até mto tarde!  Parece que tendo a oportunidade de falar (ainda que para a tela de um computador rs) minha cabeça pensa mais. 

Ps2 (IMPORTANTE!): É uma pena que o blog não seja um diálogo. Ok, ia ficar uma zona... mas não ia deixar perder o prazer da troca. Meaning: se você leu, e gostou, e tem algo a dizer (ainda que um "concordo demais", ou "viaaagem errada), não hesite! Eu sei que é muito difícil postar comentários aqui (rs, eu sou meio analfabeta digital e não consegui responder os comentário que fizeram!), mas vale tudo, msg no facebook, email, telefone, sinal de fumaça... o importante é conversar! (como eu adoro conversar!)

George Foremen e Eleições

Pérola que ouvi hoje no salão de uma mulher de meia idade que escovava e laqueava seus poucos e curtos fios esbranquiçados: 
 "- O canal que eu mais gosto de assisitir é polishop! Eu me divirto! Mas como que a gente precisa de tudo que eles passam lá né?!" 
Fiquei me perguntando... como alguém pode viver, com um percentual saudável de colesterol, sem uma george foremen?? Ou ter uma barriga malhada sem um daqueles aparelhos que dão um choquinho e contraem o músculo? Aliás, sempre me perguntei se aquilo funciona!
E eu que achava que ver novela da Globo que era o fim da picada! (depois ainda hei de postar sobre essa minha revolta).


Tenho conversado com várias pessoas sobre as eleições, em busca de um voto consciente, mas se tem um argumento que pra mim não cola mesmo, e não faz meu voto tender para nenhum lado é a corrupção. 
Não que eu não fique triste com isso, ou ache que isso não tenha que ser combatido, ou deixe de tentar combater a "pequena corrupção" que está arraigada no quotidiano da realidade de qualquer brasileiro (aquele espírito feio do brasileiro de querer levar uma vantagenzinha em tudo, desde furar a fila até não conseguir entender o conceito de patrimônio público, interesse público.... Enfim, não  é que concorde com a corrupção [acho que se o "trabalho" dos lobbistas fosse escancararado, legalizado, como é nos EUA (um amigo -Fábio-  me disse que é, acreditei) ia dar uma aplacada nessa prática] mas é só que sou da opnião de que os escândalos de corrupção não deviam balizar nosso voto (tenho certeza que tá cheio de Erenice Guerra no legado paulista do Serra).
Como disse um outro amigo meu, Gugu, hoje de manhã, "o que é constante a gente não pode levar em consideração".
Lamento petistas vermelhos e tucanada, pra mim, os dois candidatos são e serão corruptos (confesso que minha simpatia pela Marina anda tão forte que eu até quero acreditar que ela é um pouco menos corrupta, rs). 
Minha falta de inocência (falou a espertona né?) ou o meu pragmatismo (custei pra entender essa palavra), ou, ainda, diriam alguns militantes apaixonados, minha falta de conhecimento da "verdade dos fatos", não me deixam pensar diferente.  
A corrupção pra mim é só uma questão de quem vai escondê-la melhor (seja com esquemas mais bem bolados de lesar o povo, seja tendo mais força pra calar a imprensa). 
E, sendo assim, é irrelevante pro meu voto. 

Ps: preciso aprender urgente a usar parágrafos nesse editor de texto, que agunia, nunca pensei que sentiria tanta falta deles!

domingo, 17 de outubro de 2010

Para ser grande, sê inteiro (Fernando Pessoa)

Pra fechar a maratona exaustiva de postagens dessa madrugada (e tentar dormir, afinal já esvaziei um mucado a cabeça), compartilho uma poesia - de fino gosto - que eu conheci quando estava fazendo intercâmbio (a foto que ilustra a postagem é dessa época, de um outono bem bonito no velho continente). Essa poesia é uma espécie de mantra pra mim, e está muito relacionada às coisas que descobri nas minhas sessões de terapia. Voilà:

Para ser grande, sê inteiro - Ricardo Reis


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive

TED - Ideas worth spreading

Meu amigo Wood vai participar de um evento super legal, que eu nem sabia que existia. 

Nas palavras dele "O TED é um evento/organização que nasceu há uns 20 anos nos EUA, e onde já estiveram Bill Clinton, Malcolm Gladwell, Al Gore, Richard Dawkins, Bill Gates, Gordon Brown, Larry Page e Sergey Brin (os criadores do google!)". O site explica, com uma frase de subtítulo, a proposta: idéias que valem a pena serem difundidas. Não é genial ??? Vale a pena conferir: http://www.ted.com/

Ps.: Pros ateus de plantão, tem um vídeo de uma palestra do Richard Dawkins!




A função da psicanálise

Como disse na primeira postagem, o blog nasceu, dentre outras razões, pela extensão incômoda dos meus posts no facebook. O último retrata o que disse meu analista sobre a função da psicanálise ,ou terapia (qual é mesmo a diferença?). Reproduzo-o. Pra preservar a identidade dele, achei melhor apagar o nome.

Ananda Portes Souza 18 de outubro às 01:13
 Boa noite E.!
Estava pensando, não tem uma história de que a dor é o motor da terapia? É verdade isso?
Acho q não é verdade.
Minha mãe tem uma visão bastante distorcida e preconceituosa de análise, embora vendo os efeitos práticos dela nas vidas minha e do meu irmão tenha dado o braço a torcer em aluguns momentos e apoiado a gente nessa nossa vontade de terapia. Talvez pela história de vida difícil dela, sobrevivida sem análise, ela a vê como "bengala".
Enfim, hoje a noite, conversando com ela fiquei pensando sobre isso de terapia ser movida pela dor. To num momento de vida que largamente prepondera a felicidade, a falta de dor, a alegria, a leveza, mas, ainda assim, eu tenho muita vontade de estar fazendo terapia (ñ entrei em contato ainda pq espero um momento financeiramente mais oportuno).
Vontade que decorre não do desejo de aplacar uma dor, uma angústia específica (óbvio que algumas angústias, até nos melhores momentos da vida persistem), mas é uma busca pelo auto-conhecimento, por pensar e discutir eu mesma sabe?
Com isso tudo eu pergunto: vc concorda com essa história de que terapia é movida pela dor??
Grande abraço!

E veio a resposta...   
" Ananda, costumo dizer sempre uma coisa em minhas aulas de Ética. Digo sempre que tudo o que fazemos de importante nessa vida, fazemos sempre por duas razões: para dar sentido ao que vivemos, e para realizarmos nossa liberdade. Definitivamente, não vejo terapia como remédio para a dor, ainda que secundariamente o faça. Só vejo um bom motivo para empreender essa viagem dentro de si: conquistar a si mesmo cada vez mais. Se penso em um benefício que quero e posso ter na sua vida - e espero já ter tido, de alguma forma - é isso mesmo: uma autonomia e autenticidade cada vez maior." (Grifos meus)

Depois dessa explicação majestosa fiquei achando a profissão de psicólogo a mais nobre das profissões! Eu achava medicina, professor e direito bem nobre tbm, mas depois dessa comecei a achar psicólogo imbatível.

Sobre o morder a isca

É uma metáfora da Clarice Lispector, que eu conheci por esse texto, que, aliás, achei bem bonito (os grifos são meus):

MORDENDO A ISCA 

Para Clarice Lispector, "escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não-palavra morde a isca, alguma coisa se escreveu."

O que seria, então, essa não-palavra, se estamos mergulhados num mundo verbal e repleto de
informações que nos atordoam a todo instante? Se tudo o que lemos e vemos já está devidamente fabricado, mastigado e até digerido, restando-nos apenas a contemplação passiva?

Essa não-palavra poderia ser aquela idéia, sensação ou opinião só nossa que ninguém jamais expressou, como: a vivência de uma paixão, o prazer de caminhar por uma praia deserta, o abrir da janela de manhã, a indignação diante dos horrores de uma guerra ou da corrupção desenfreada em nosso país ou mesmo nossos sonhos, desejos e utopias. Entrando em contato com essas emoções, podemos descobrir um lado oculto de nós mesmos ou até deixar aparecer um pouco de nosso caráter rebelde, herói, vítima, santo e louco. Estar aberto, com o olhar descondicionado para captar essa "não-palavra" é fundamental para que possamos escrever, não as famigeradas trinta linhas do vestibular mas um texto que revele nossa singularidade. Por isso, o ato de escrever requer coragem e, principalmente, uma mudança de atitude em relação ao mundo: precisamos nos tornar sujeitos do nosso discurso e pensar com nossa própria cabeça. 

E como isso pode ser difícil! Quantas vezes queremos emitir nosso ponto de vista sobre um assunto e percebemos que nossa formação religiosa, familiar e escolar nos impede, deixando que o preconceito e a culpa falem mais alto! Quantas vezes o nó está preso na garganta e não podemos desatá-lo por força das circunstâncias! Ou, pior ainda, quantas vezes nos mostramos indiferentes diante das maiores atrocidades! A rotina diária deixa nossa visão de mundo bastante opaca. No dizer de Otto Lara Resende, o hábito "suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Só a criança e o poeta têm os olhos atentos para o espetáculo do mundo." No entanto, a superação dessas barreiras pode ser bastante prazerosa, já que o prazer não é uma dádiva e sim uma conquista. Conquista essa que podemos obter por meio da escrita, caminho eficaz para esse desvendamento de nós mesmos e do mundo. 

Para escrever, portanto, não necessitamos de inspirações divinas ou de técnicas e receitas mas de um olhar curioso, esperto e liberto de preconceitos e de padrões preestabelecidos. Só assim morderemos a isca.
 
(MOURA, Chico. AGENDA DO PROFESSOR. São Paulo: Ática, 1994.)



Nasce o blog.

Impressionante como às vezes, depois da meia noite, minha cabeça começa a borbulhar de idéias. É bem na hora que começo a dizer pro meu cérebro diminuir o ritmo pra quem sabe o sono chegar. Hoje não foi diferente. Resultado: devo ter postado 27 mensagens no facebook nas últimas duas horas. 

Questiono sempre o facebook. Conheço o potencial incrível que ele tem enquanto ferramenta de comunicação e divulgação de idéias, mas com grande frequência acho faço um uso pouco saudável dele (meio, digamos, psicótico compulsivo), ainda mais depois que, com a ajuda da jú e da laura descobri a ferramenta "Mais recentes" pra eleger a ordem no feed de notícias, rs. 

Tentando compartilhar por posts no facebook todas essas idéias que estavam pululando e se espremendo essa madrugada na minha cabeça, tive sérios problemas quanto à extensão dos posts. Muito longos, tinha que dividí-los em 2, 3. O que, além de chato de fazer, fica muito chato pra ler (porque acaba saindo na ordem contrária! pensei até em postar já na ordem inversa, pras pessoas não terem que ler de trás pra frente, mas achei meio inútil). 

Movida i) por esse desconforto, ii) pela impressão de que nem todas as pessoas do meu facebook estão interessadas no que ando pensando  - e que seria injusto bombardiá-las, o tempo todo, com tantos posts longos, e, ainda, iiI) inspirada por dois blogs deliciosos de grandes amigas, o la maria (http://mariabernardes.blogspot.com/) que infelizmente anda meio esquecido por sua dona e o ensaios e efemérides (http://lopeslaura.blogspot.com) e por um muito interessante de um ex-professor de história, chamado alegres colóquios (http://gianprof.blogspot.com/), resolvi criar esse meu blog. 

Ah, pensei que talvez tenha um outro motivo. Eu gosto muito de português (e de outras línguas tbm) e tenho andado descobrindo que acho que gosto de escrever (me esmero e acho uma delícia escrever emails longos pros meus amigos - pobrezitos rs). Acho genial ter a palavra como isca!

Enfim, nasceu o "minino", com sua primeira postagem às 3:22 de uma manhã quente e chuvosa em Belo Horizonte!

Ah 2: a idéia desse blog não é de nenhum diário contando a vida, nem de ter nenhuma regularidade pra postar, mas de ter um espaço pra falar sem apoquentar meus coleguinhas de facebook, com mais recursos gráficos, e sem ter que ficar dividindo mensagens. 


Ah 3: qualquer paralelismo entre o nome do meu blog e o da laura não é mera coincidência.... Pode pedir royalties norah!


É isso então, sejam bem-vindos!