domingo, 17 de outubro de 2010

A função da psicanálise

Como disse na primeira postagem, o blog nasceu, dentre outras razões, pela extensão incômoda dos meus posts no facebook. O último retrata o que disse meu analista sobre a função da psicanálise ,ou terapia (qual é mesmo a diferença?). Reproduzo-o. Pra preservar a identidade dele, achei melhor apagar o nome.

Ananda Portes Souza 18 de outubro às 01:13
 Boa noite E.!
Estava pensando, não tem uma história de que a dor é o motor da terapia? É verdade isso?
Acho q não é verdade.
Minha mãe tem uma visão bastante distorcida e preconceituosa de análise, embora vendo os efeitos práticos dela nas vidas minha e do meu irmão tenha dado o braço a torcer em aluguns momentos e apoiado a gente nessa nossa vontade de terapia. Talvez pela história de vida difícil dela, sobrevivida sem análise, ela a vê como "bengala".
Enfim, hoje a noite, conversando com ela fiquei pensando sobre isso de terapia ser movida pela dor. To num momento de vida que largamente prepondera a felicidade, a falta de dor, a alegria, a leveza, mas, ainda assim, eu tenho muita vontade de estar fazendo terapia (ñ entrei em contato ainda pq espero um momento financeiramente mais oportuno).
Vontade que decorre não do desejo de aplacar uma dor, uma angústia específica (óbvio que algumas angústias, até nos melhores momentos da vida persistem), mas é uma busca pelo auto-conhecimento, por pensar e discutir eu mesma sabe?
Com isso tudo eu pergunto: vc concorda com essa história de que terapia é movida pela dor??
Grande abraço!

E veio a resposta...   
" Ananda, costumo dizer sempre uma coisa em minhas aulas de Ética. Digo sempre que tudo o que fazemos de importante nessa vida, fazemos sempre por duas razões: para dar sentido ao que vivemos, e para realizarmos nossa liberdade. Definitivamente, não vejo terapia como remédio para a dor, ainda que secundariamente o faça. Só vejo um bom motivo para empreender essa viagem dentro de si: conquistar a si mesmo cada vez mais. Se penso em um benefício que quero e posso ter na sua vida - e espero já ter tido, de alguma forma - é isso mesmo: uma autonomia e autenticidade cada vez maior." (Grifos meus)

Depois dessa explicação majestosa fiquei achando a profissão de psicólogo a mais nobre das profissões! Eu achava medicina, professor e direito bem nobre tbm, mas depois dessa comecei a achar psicólogo imbatível.

Um comentário:

  1. É uma boa forma de conhecê-la melhor, Nanda. E compartilho das idéias do analista. Até porque, desde que tenho 6 anos vou ao psicólogo, e meu atual está comigo há 5 anos. E o melhor: nunca tive problemas relevantes, mas muitas pessoas que convivem comigo viram nitidamente uma evolução na minha pessoa. Isso porque passei a me conhecer mais, e com isso, me reprimir menos. A grande questão da "terapia", "análise", o que for, é te mostrar que a liberdade não tem preço e pode ser conquistada cada vez mais!

    Bjo!

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